{Capítulo Único}
Nome: Mais um 12 de Outubro?
Escritora: Maira Costa- UR
Recomendação: Não costumo colocar recomendação de idade, e sim avisos sobre a fic, essa mesma, aborda uma doença polêmica, e pode causar muitas lágrimas (como causou a mim mesma escrevendo), retrata o amor depressivo, retrata que nem todo amor pode terminar com um felizes para sempre.
São Paulo, 1 de Outubro; 3:00 a.m.-
'Ela está muito mal, entendam, os tumores andam se espalhando, por mais que tentemos retirá-los. Ela conseguiu sobreviver até aqui, foi 1 ano de luta, ela é jovem, tinha uma vida longa pela frente, eu sinto muito.'
'Quantos meses Doutora?' Lua e Arthur namoravam 2 anos, até que no 2° ela descobriu ter câncer maligno, e sua vida foi acabando aos poucos.... E Arthur acompanhava tudo. As vezes que ela desmaiara, vomitara, teve de passar por radiação. Quando seus cabelos caíram, quando ela tentou suicídio. Era difícil acreditar que a Lua, a menina que ele conheceu no "Dia dos Pirralhos" estava acabando, sumindo. Ninguém no mundo, amava ela mais que ele. Ninguém no mundo amava ele mais que ela. E ninguém no mundo, amava a vida mais que eles. A mãe de Lua morreu de depressão ao ver a filha saindo por entre seus dedos, o pai "caiu" da janela do quarto deles, logo depois da esposa ter falecido. E agora, Lua se culpava. No mundo, só havia Arthur, os pais dele tentavam cuidar dela o máximo possível, mas parecia que agora, ela tinha um mundo secreto dela.
'Não há meses, Arthur.' Juliana era a médica de ambas famílias, Aguiar e Blanco, e tentou ao máximo salvar Lua. 'Não há... Entenda, eu e Camila tentamos de tudo, mas agora está tudo acabado. Lua tem uma semana? Se viver por duas, já é muito. Por mais que ela lute, não dá Arthur, entenda. Ela é uma menina de 16 anos, sem os pais, contra o câncer. Descobrimos um tumor na sua cabeça, um em seu rim, e quantos outros poderiam surgir?'
'Não pode ser, não pode.' Arthur sentou-se na cadeira da sala de espera, com a cabeça apoiada nas mãos, e deixou as lágrimas rolarem, perdeu as contas de quantas vezes havia feito isso. 'Isso é impossível.'
Então ouviram um estrondo, Arthur e Juliana estavam protegidos por culpa da radiação, então entraram no quarto de Lua. A mesma se encontrava desmaiada no chão, sobre uma poça de sangue, enquanto a Dra. Camila tentava ajudá-la.
'Tem certeza?' Juliana encarou Arthur, triste.
São Paulo, 5 de Outubro; 2:00 p.m.-
'Oi Lua...' Arthur dizia, passando a mão sobre a cabeça da namorada.
'Se está tentando acariciar "meus cabelos", esqueça, não existem. Talvez existiriam, se eles tivessem me liberado a tempo disso tudo...' Seu olhar era perdido, sua voz quase não saía.
'Hey... Você vai ficar bem.'
'Você acredita mesmo nisso? Acredita mesmo que a garota que descobriu o câncer aos 15, está lutando a 1 ano, e que foi o motivo pela morte dos pais, vai ficar bem? Queria ser tão otimista quanto você, eu realmente queria.' Por mais que quisesse, as lágrimas não saíam dos olhos da garota, ela tinha uma teoria, que como sua vida, suas lágrimas estavam acabando.
'Faltam sete dias, uma semana.' Arthur agora tentava lembrar-se de algo para sorrir.
'É... O Dia dos Pirralhos.' Ela citou, como Arthur costumava dizer.
'A gente se conheceu quando eu te joguei sorvete, lembra? Você queria ir no escorregador do parque primeiro que eu, dizendo que eu não podia ir por estar com sorvete, então eu joguei ele no seu rosto, e fui, você começou a correr atrás de mim, eu falou para minha mãe... Eu tive que te ajudar a limpar o rosto, e te dar um sorvete. Eu fiquei emburrado, então minha mãe me levou no parque no dia seguinte e me fez ficar o dia inteiro com você, eu te joguei terra, e quando achei que você iria contar para minha mãe, você me jogou também. Depois disso, nós viramos unha e carne. Lembra quando você deu um tapa na cara da menina que me pediu em namoro? A Laura. Eu tinha beijado ela, agora ela é nossa amiga...'
'Arthur...' A voz de Lua saiu mais falha do que o normal, como se ela não quisesse falar. 'A Laura é bonita, legal, fofa, companheira... Me promete uma coisa? Fica com ela, eu sei que ela vai te cuidar de você, como eu queria poder cuidar.' Arthur suspirou fundo, e preferiu ignorar a namorada.
'Eu lembro que quando nós tínhamos 12 anos, vocês costumavam se implicar, e me usavam para uma provocar a outra...'
'Promete?' Lua disse, tentando soar a voz com mais firmeza, então tossiu fraca.
'Prometo...' Arthur deixou algumas lágrimas caírem. 'Não podemos se esquecer da Tawane e da Laryssa, não é?' Lua deu uma risada, que mesmo doendo, lhe causou um certo prazer por ainda conseguir ao menos "sorrir" ou "rir". 'Você me bateu, e ficou 1 semana sem falar comigo, falando que eu ia te trocar por elas...'
'...E você? Maker, Aline... Isso não te lembra algo?' Dessa vez, quem riu foi Arthur.
'Sim...' Ele disse franco. 'Eu e Maker quase saímos no tapa, mas Aline e você nos separaram, mas o John estava apostando em quem ganhava, bem que Maker dizia que o irmão era um idiota, e Vect, deu uns tapas nele. Tadinha... Imagina ser irmã de Maker e John? No fim, eu acabei descobrindo que você e o Maker não tinham nada, e na verdade você só estava ajudando ele a pedir Aline em namoro...' Arthur abriu um sorriso de canto de boca, lembrando do ciúmes que ambos sentiam um pelo outro, e mesmo assim, demoraram anos para realmente namorarem.
São Paulo, 10 de Outubro; 12:43 -
'Arthur, Lua quer ir para casa.' Juliana aconchegava-se na cadeira de sua sala.
'Como assim ir para casa? Ela não pode...'
'Arthur, seus pais já concordaram, o que Lua ficará fazendo aqui? Ela está ocupando o lugar de pessoas que podem sobreviver. Eu a amo, mas Lua praticamente já morreu a muito tempo, sinto muito.'
'NÃO! ELA NÃO MORREU!' Arthur jogou sua cadeira no chão, e se jogou contra a parede. 'Vocês não sabem de nada, a culpa é de vocês, vocês não tentaram salvar ela! Ela podia ter vivido mais! A culpa é de vocês.' Ele chorava e se balançava, no fundo queria gritar. Suas olheiras pareciam perfurar seu rosto, seus cabelos desarrumados, e seus olhos só com "vida" ao estar perto de Lua, de acordo com o tempo em que Lua ia indo embora, ele ia com ela.
'Arthur...' Juliana abaixou-se ao lado do adolescente, acariciando-lhe os cabelos tentando acalmá-lo. 'Não há culpados, e sim o destino. Tudo que é vivo, morre.'
São Paulo, 11 de Outubro; 23:58 p.m. -
'Ela não come, mãe...' Arthur reclamava novamente para Kátia.
'Arthur, você não pode forçá-la, filho.'
'Mas... Ela está fraca. Hoje não devia ser assim, mãe. Falta poucos minutos para 12 de Outubro, devia ser um dia especial, nosso terceiro aniversário de namoro, seis anos desde que nos conhecemos. Não devia ser assim!' Ele bateu na própria testa.
'Arthur, imagina como Lua deve estar se sentindo?' Ela suspirou pesado. 'O que ela precisa é de você ao lado dela, e não preocupado, quando você parou de gritar e berrar, ficar preocupado, andar chorando, ficando depressivo, para realmente ver como ela se sente? Lua se fechou, e para única pessoa que ela se abre, é você. Mas você esteve indisponível esse tempo todo. Já está tarde filho, vá descansar, depois passe o tempo que nos resta, com Lua.' Arthur abaixou a cabeça, e saiu dali. Ao entrar no quarto da menina, se deparou com Lua de bruços no chão, vomitando mais sangue. Sua pele se encontrava pálida, não parecia a adolescente feliz e cheia de vida, que antes fora.
'Lua? Por que você não me chamou?' Arthur a puxava para junto de si, tirando sua camisa e limpando a boca da sua namorada.
'Eu... Eu me senti mal. Olha para você Arthur, olha o que eu estou te fazendo. Fazendo exatamente o que fiz com meus pais, seus pais vivem agora com o objetivo de ajudar sua nora, que vai morrer de qualquer forma, você se prende a uma namorada que vai morrer, e acabar com sua oportunidade de ser feliz...'
'Lua, para com isso!' Arthur tentava não alterar a voz, mas era quase impossível, zangava-se ao ouvir aquilo da boca de Lua, zangava-se ao ouvir a verdade estampada em seu rosto.
'Eu só tenho um pedido...'
'Qual?' Arthur respondeu, surpreso, por ver Lua, agora esboçar algum tipo de desejo. A menina puxou o pulso do namorado, observando o relógio por um tempo, Arthur pensou consigo mesmo, que ela queria o relógio, mas quando foi retirá-lo, a menina impediu. Mas algum tempo depois, ela sorriu. Seu relógio de pulso começou a apitar, mostrando que era 00:00.
São Paulo, 12 de Outubro; 00:01-
'Meu desejo, era só mais um 12 de Outubro com você.' Ela sorriu como nunca antes desde quando descobriu o câncer, e fechou seus olhos, ela finalmente, fechou os olhos.
Ninguem merece chorar tanto num dia só..
ResponderExcluirhaa chorei aqui :/ to adorando essas hitorias de um capitulo :)
ResponderExcluirCaraaa to chorandooo çç linda essa histótia
ResponderExcluirTo chorandoooooooo muitooo!!!
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