Addicted ² - 31° Capítulo

  

O braço rodeou-me, me apertando contra o corpo, e por um segundo eu imaginei como eu conseguia ser uma ímã de problemas, desejei por um segundo que o teto do lugar caísse e eu... O que diabos eu estou pensando? Não poderia abandonar Ane e Diego, não por minha culpa de ser idiota. E principalmente o bebê que eu carregava, estava começando a me acostumar com isso, mesmo provavelmente eu não estando junto de Arthur quando ganhasse o bebê, seria maravilhoso pegar um bebê de olhos apertadinhos, e dar uma mordidinha na bochecha dele. Tirando o fato de eu ter que cuidar de três crianças, mesmo Diego sendo maduro, acho que isso não era muito saudável a ele, sabe, uma maturidade antes da hora, me sentia responsável pelo meu filho ter que mentir para a irmã sobre os pais para não chateá-la, porque afinal, eu era.
'Sabe Lu, desde os tempos da escola você viajava na maionese... -Ele dizia rindo- Eu lembro que os professores costumavam implicar com vocês, porque invés de prestar atenção, você ficava fitando a parede, sabe, as pessoas demoravam para perceber, mas eu sempre ficava te olhando, você era diferente das outras garotas, mesmo se o mundo acabasse, você não acordava....'
'Isso se chama consciência tranquila...' Repliquei tentando me salvar de Jason, enrolar alguém já era difícil, enrolar alguém que te conhecesse desde a adolescência e sabe várias manias suas, é pior.
'Culpa mudou de nome?' Ele levantou uma das sobrancelhas e eu o encarei me fazendo de desentendida, a essas horas eu nem me preocupava se algum paparazzi tirasse uma foto comigo abraçada com ele, dizendo que eu estava traindo Arthur com o mundo inteiro, e aliás, fora nós, agora só restava um senhor com um bolinho com uma vela escrito "50 anos", a mulher que talvez fosse sua esposa, estava emocionada, e em cima da mesma tinham 2 passagens para Cancún. Analisei ambos, os dois obviamente tinham mais de 50 anos, então provavelmente era aniversário de casamento, como é incrível certas pessoas conseguirem viver mais de 50 anos juntas, e eu e Arthur não conseguirmos ter nem 5 anos. 'Acho bonito ver casais que conseguiram resistir ao tempo, o amor deles costuma superar tudo...' Ele também fitava o casal, então suspirou e começou a fitar a mesa. 'Eu não devia ter ido embora quando fiquei sabendo que você estava grávida, mas saber que a garota perfeita estava grávida de outro garoto... Eu não aguentaria.' Ele respirou mais pesadamente. 'Eu acho que eu ainda não aguento...' Ele disse ainda mais baixinho, talvez só para ele ouvir. Então senti a culpa me invadir de todas as formas, e vi o quão idiota eu era, metendo meus amigos em apuros, atrapalhando com a vida de Maker, fazendo Sophia se importar demais comigo e se esquecer dela mesma, não tendo coragem de encarar Arthur, e agora, sobretudo, complicando a vida de Jason depois de anos.
'Você é um cara lindo, é médico, duvido que tenha dificuldade em achar alguma namorada...' Tentei animá-lo, mas no fundo estava tentando dizer a mim mesma, que ele não precisa de mim, assim eu não faria com que ele sofresse.
'Acho que você não me vê por esse lado, Lua...' Ele disse simplesmente, me fazendo calar-se, sem encontrar nenhuma resposta. 'Mas eu já disse, não vou deixar você escapar tão fácil. Agora, pode me contar o que aconteceu?' Ele me sorriu doce, mas nos seus olhos mostravam a preocupação, passei minha mão por seu rosto, então ele fechou os olhos, distribui um leve beijo em sua bochecha e sai dali.
Fui em direção ao meu carro, tetando dessa vez não chorar, ainda tinham marcas das mãos de Arthur no vidro, e se não elas, havia seu cheiro ali. Jason não saiu da lanchonete, talvez ele entendesse como eu me sentia, ele realmente entendia como eu me sentia. Pisei no acelerador e fui embora com o carro, novamente sem saber para onde ir. Passei em frente a uma praia, as meninas corriam felizes, e esse simples ato fez com que eu quisesse chorar, então percebi o quão os hormônios da minha gravidez estavam me deixando maluca, ok, isso e também o fato de eu ser uma mulher em crise com o mundo. Imaginei todas as vezes em que brigamos, não podia se dizer que nosso casamento era a 3° guerra mundial, mas as crises de ciúmes e a insegurança também não fazia com que nós fossemos o casal "pomba branca" do universo. Principalmente quando ele começou os shows, as fãs histéricas o rodeiam por onde ele vai, e eu nem quero dizer as coisas que elas costumam falar. Passamos longe de ser um casal normal, até porque começamos a ser um casal depois de um acidente de... Antes de terminar os meus pensamentos, ouço a buzina de um carro, e quando me dou conta, estou na pista contrária quase causando um acidente, joguei o carro para o acostamento, tentando me recuperar do susto. Eu ainda sofreria um acidente se continuasse a ficar dirigindo assim... Depois de recuperar meu folego, seguir para a casa de férias de Melanie, dessa vez tentando não me distrair e provocar realmente, um acidente.

'Mel! Vai! Abre a porta!' Tocava persistente a campainha, já que ninguém atendia. Então quis me jogar de um prédio, quando imaginei que Mel não estaria em casa. "Oh Lua, quando vai perceber que nem todo mundo vive a sua disposição? Usa o Maker quando está deprimida. Usa Sophia para desabafar sem se importar com os problemas dela. Usa Micael, usa Jason, usa Arthur, usa até mesmo seus filhos. Quando vai parar de usar as pessoas como se fossem objetos?" Uma voz escoou em minha mente, eu queria bater minha cabeça no chão até que a maldita voz se calasse, mas ela dizia a pura verdade. Eu usei todos, eu era uma egoísta. Sempre pensando em meu próprio umbigo, sem se preocupar com os problemas dos outros. Eu era um monstro, não? Eu me odiaria, se não fosse eu, mas talvez eu começasse a me odiar. Sentei em frente a casa, tentando controlar as lágrimas que pareciam sempre aparecer em momentos inoportunos, as pessoas que passavam me fitavam com preocupação, algumas até pareciam pensar na possibilidade de ir até mim e perguntar se eu estava bem, mas como eu devia estar parecendo uma louca, elas passavam reto. Vi um grupo de adolescentes passarem, e me olharem de forma como "Como ele prefere ela?" Ótimo, fãs do McFly. Elas começaram a cochichar entre si, e darem risadinhas idiotas, então eu vi 4 meninas entre elas começarem a gesticular com as mãos, de forma que pareciam estar brigando com as outras, então um copo de suco voou em uma das meninas mais assanhadas do grupo, então vi quem o jogou, Laura? Laura, Maira, Juliana e Camila. Ela eram as meninas que estavam me defendendo. Ótimo, agora eu tenho que ser defendida pelas minhas babás, eu consegui passar o limite do ridículo, e agora elas estavam brigando por minha culpa, elas estavam indo em minha direção, mas eu balancei com minha cabeça dizendo não. Por favor, eu não queria que as pessoas se importassem mais comigo. Não, não queria! Elas me olharam de forma penosa, que só me fez me sentir mais mal do que já estavam, e foram embora, as meninas que antes riam sádicas em minha direção, agora encaravam as 4 meninas com ódio, e saíram dali. Afinal, ter 4 babás talvez fosse bom. Tirando o fato que eu posso ter acabado de selar uma guerra entre as adolescentes, que podiam ser amigas. Ótimo Lua, você acabou com sua adolescência, acabe com a das meninas também. Fechei os olhos, tentando não imaginar possíveis jornais que apareceriam minhas fotos. "Lua Maria Blanco Aguiar, a maluca que traiu o marido agora chora em frente a casa de amigos", seria uma boa manchete. Não seria? Então abri os olhos, havia um fotógrafo se preparando para tirar a foto, mas um carro passou na minha frente e parou, tampando a visão do repórter, então Chay desceu dele, praticamente o expulsando do quintal de Melanie, enquanto a mesma descia também do carro, indo em minha direção. Eu devia ter ido embora, assim não causaria problemas. Mas o que adianta eu ficar me culpando pelas idiotices que eu já fiz agora? Melanie me puxou para perto de si, me tampando, caso o fotógrafo louco tentasse tirar alguma foto minha, Chay apontava para rua, enquanto dizia alguma coisa para o fotógrafo e tirava dinheiro de sua carteira. Ah não! Agora eu fiz meu amigo subornar um paparazzi? Prêmio de Amiga mais Filha Da Mãe para mim! Aliás, o que minha mãe falaria? Quando percebi, estava dentro da sala de Melanie, enquanto ela me levava ao sofá.
'Lua? O que aconteceu?' Ela dizia retirando o cabelo do meu rosto.
'Mel... Por que eu estrago a vida de todo mundo?' Antes que Mel respondesse, Chay apareceu.
'Não era para a Lua estar no hospital?' Ele fez uma expressão confusa e ao mesmo tempo preocupada.
'Chay! Isso agora não importa...' Da forma que Melanie disse, me pareceu que ela sabia que eu havia fugido, o que na verdade estava quase óbvio. 'Lu... Você não pode se estressar muito.' Então percebi que Mel sabia que eu estava grávida, ah obrigado! Eu devo ter sido muito vaca na outra vida para pagar pelos meus pecados nessa.
'Grande droga, eu já quase sofri um acidente hoje, umas lágrimas não vão me matar.' Disse simplesmente, e vi Mel encarar Chay como se eu fosse uma marciana, uma marciana cega, já que ela parecia fazer tão ação como se eu não a visse. 'Gente, eu to aqui, ok?' Disse quando eles começaram a falar sem fazer som.
'Acho melhor você voltar para o hospital... Ou para sua casa...' Chay disse o "casa" mais baixo, como se tomasse cuidado para não me ofender. E quando você pensa que está deprimida seu amigos mostram que o carinho deles pode fazer com que você fique mais.
'O Médico me liberou...' Disse como se não importasse, era a verdade, não é? Jason me liberou... Ou quase isso.
'Ah é? E para quem ele disse isso?' Chay cruzou os braços como se fosse um pai questionando a filha porque ela chegou em casa tarde. Cruzes, coitado do filho de Chay, eu tenho que perguntar para Melanie se ela está grávida? Afinal, todo mundo está ficando. Será que vem da água?
'Para o Maker...' Ok, ele não disse para o Maker, mais o Maker sabe da história.
'E onde ele está?' Chay continuava com a pose de "Eu sou um pai que só vai deixar a filha namorar depois dos 32".
'Da última vez que eu o vi, ele estava sem camisa sendo ameaçado de morte por um dono de uma franquia de café...' Chay deu uma risada, e se sentou ao meu lado, então ele e Mel me abraçaram.
'É bem a cara dele... Então, porque você estava chorando?' Melanie disse, tentando disfarçar a curiosidade na voz.
'Por que minha vida tem que ser tão complicada?' Rebati, "só os idiotas respondem perguntas com outras perguntas." Os espertos fazem isso, quando você responde uma pergunta com outra, você não precisa responder coisas que não quer, e nesse momento, eu não queria responder nada, só queria deitar e ver que tudo isso não passava de um pesadelo, então Arthur gargalharia sobre o suposto fato dele ter me traído, me abraçaria e diria que me amava. Mas isso não era um pesadelo, e isso não aconteceria.